CONCENTRAÇÃO
NOS SERES VIVOS : BIOCONCENTRAÇÃO E BIOACUMULAÇÃO
A bioconcentração é o aumento imediato da
densidade de um poluente assim que passa da água para um organismo aquático.
A
bioacumulação é a soma das sucessivas absorções de um poluente feitas por via
directa, ou via alimentar, por espécies aquáticas. Este fenómeno de bioacumulação é
bastante conhecido devido à existência de determinadas espécies capazes de acumular
quantidades de substâncias naturais, vários milhares de vezes superiores à
concentração encontrada no solo. Assim, as algas dos tipos "Fucus" ou
"Laminaria" são capazes de acumular o bromo e o iodo presentes na água dos
mares, sendo esta característica aproveitada na extracção industrial destas
substâncias. O plutónio, proveniente das centrais de tratamento de resíduos
radioactivos e lançado pelo homem nos oceanos, pode ser concentrado até 3 000 vezes mais
pelo fitoplâncton e até 1 200 vezes mais pelas algas bentónicas. Este fenómeno tem
como consequência uma transladação e o aumento biológico da poluição no interior das
biocenoses contaminadas. Cada cadeia trófica
será lugar para um processo de aumento da concentração dos poluentes persistentes na
biomassa, à medida que se sobe os diversos níveis da pirâmide ecológica.

Quando
no seu ambiente natural, podemos considerar, salvo raras excepções, que os organismos
encontram-se expostos a uma concentração de poluentes insuficiente para os matar. Contudo, ainda que os efeitos a curto prazo não
sejam sempre visíveis, a longo prazo, acabam por se fazer sentir nos comportamentos
respiratórios e nutricionais.
A presença de fosfato, azoto amoniacal e orgânico e de nitrato, é
benéfica para a nutrição das algas. Consoante a concentração destas diferentes
substâncias, pode acontecer que a diversidade e a produtividade das algas seja afectada.
Logo, o facto de se
conhecer a taxa de absorção de azoto orgânico pelas algas em ambientes poluídos, tais
como as "Anteromorpha" e "Ulva", podem ajudar a explicar a pululação
de umas espécies em detrimento de outras. Com efeito, estas algas demonstraram uma grande
facilidade em assimilar os ácidos aminados presentes nas águas residuais, ricas em
matérias orgânicas. Pelo contrário, as algas vermelhas molles e as algas castanhas têm
uma reduzida capacidade de acumulação destes ácidos aminados. O que pode constituir uma
das explicações para o desaparecimento das algas castanhas "Cystoseira" nas
zonas poluídas do Mediterrâneo e a sua substituição, tanto pela alga vermelha
calcificada "Corollina", como pelas "Protofloridées", ou ainda pelas
"Ulva" ou pelas "Entéromorpha".
