Após esta dolorosa descrição sobre o estado dos nossos oceanos, pergunto-me : em que estado deixaremos os oceanos às
gerações futuras? Será que conseguirão
reparar os graves erros cometidos ainda nos nossos dias? Uma coisa é certa, se queremos
conservar uma vida diversificada no nosso velho planeta, é necessário alterar desde já
o nosso estilo de vida, porque o Homem, qual aprendiz de feiticeiro, está a degradar
irreversivelmente o ambiente marinho. Dada a sua imensidão, os mares e oceanos são tidos
como autênticos esgotos de capacidade ilimitada... Chegámos a um ponto crítico. Além
disso, devido ao grande aumento da população, a espécie humana necessita de cada vez
mais terra e alimentos. Deve no entanto aprender a preservar os biótopos continentais dos
quais depende, bem como a imensa e potencial reserva de alimento que é o mar. Ao destruir
e envenenar as águas, a longo prazo, é a si próprio que está a destruir e envenenar. O
deserto avançará e o mar em breve não terá capacidade de proporcionar a riqueza que
tão generosamente lhe ofereceu durante séculos, sem nunca ter recebido em troca, o
respeito a que tem direito.
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Praia de Croisic após o naufrágio
do Erika |
Assombrosas
catástrofes como as marés negras, a poluição causada pelas águas residuais, resíduos
domésticos, agrícolas, industriais e radioactivos, a eutrofização causada por sais
minerais e matérias orgânicas, tornaram os mares em lixeiras a céu aberto. Em poucas
palavras e citando o célebre ecologista americano Barry Commoner : « não há de forma alguma suficiente água na terra para absorver e
neutralizar todos os venenos introduzidos pelo homem no meio ambiente ».
Artigo escrito por Xavier LE GOFF
